quarta-feira, 24 de março de 2010

Nietzsche e o veneno da moral ressentida

"Sujeitamo-nos aos fatos: o povo venceu - ou os escravos, ou a plebe, ou o rebanho, ou como quiser chamá-lo - se isso aconteceu graças aos judeus, muito bem! Jamais um povo teve missão maior na história universal. Os senhores foram abolidos; a moral do homem comum venceu. Ao mesmo tempo, essa vitória pode ser tomada como um envenenamento do sangue (...) indubitavelmente essa intoxicação foi bem-sucedida. A redenção do gênero humano está bem encaminhada; tudo se judaíza, cristianiza, plebeíza visivelmente (...) a Igreja (...) atualmente, ela afasta mais do que seduz...Qual de nós seria livre-pensador, se não houvesse a Igreja? A Igreja é que nos repugna, não o seu veneno...Não considerando a Igreja, também nós amamos o veneno"

NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da Moral, uma polêmica. Trad. Paulo César de Souza. ed. Companhia das Letras, p. 28.













Karl Marx e a Ilusão Religiosa

"...o homem faz a religião; a religião não faz o homem. (...) Este Estado e esta sociedade produzem a religião, uma consciência invertida do mundo, porque eles são um mundo invertido (...) A religião é o suspiro do ser oprimido, o íntimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. É o ópio do povo. A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real. O banimento da religião como felicidade ilusória dos homens é a exigência da sua felicidade real. O apelo para que abandonem as ilusões a respeito da sua condição é o apelo para abandonarem uma condição que precisa de ilusões. A crítica da religião é, pois, a crítica do vale de lágrimas de que a religião é o esplendor."
 
MARX, Karl. Contribuição à crítica da Filosofia do Direito de Hegel. In: Manuscritos Econômico-Filosóficos. trad. Alex Marins. ed. Martin Claret, p.45-46.
 




domingo, 21 de março de 2010

Gombrich fala sobre Mumificação

"...os egípcios acreditavam que o corpo tinha que ser preservado a fim de que a alma pudesse continuar vivendo no além. Por isso impediam a desintegração do cadáver, graças a um elaborado método de embalsamar e enfaixar em tiras de pano."
GOMBRICH, E.H. Arte para a Eternidade. p. 55.






Platão e o Deus que manda filosofar

"...ao receber ordens do Deus, ao menos conforme pude ouvir e interpretar essa mesma ordem, pela qual deveria viver filosofando e dedicando-me a conhecer a mim mesmo e aos outros."
PLATÃO. A Apologia de Sócrates. Coleção Os Pensadores. São Paulo: ed. Nova Cultural, p. 80-81.

"Ó atenienses, eu vos amo, mas obedecerei primeiro ao Deus do que a vós, e enquanto tiver ânimo, e enquanto for capaz, não pararei de filosofar, não pararei de estimular-vos e censurar-vos."
PLATÃO. A Apologia de Sócrates. Coleção Os Pensadores. São Paulo: ed. Nova Cultural, p. 80-81.

Desafio do prof. Tiago Menta: a qual "Deus" se refere Platão?

terça-feira, 16 de março de 2010

Heródoto "caracteriza" os africanos

Heródoto de Halicarnasso, dito "pai da História" no mundo grego (talvez o primeiro historiador, no sentido técnico/metodológico do termo), vivera entre 484 aC - 425 aC.


No trecho selecionado a seguir o historiador grego descreve, com o olhar de um grego antigo, o que seriam os africanos (na Antiguidade todos eram apontados como etíopes):

"Os homens daquelas regiões são negros por causa do calor e os etíopes da Líbia são entre todos os homens os de cabelos mais crespos (...) O sêmen por eles ejaculado quando se une às mulheres também não é branco (...) e, sim, negro como a sua tez (acontece o mesmo com o sêmen dos etíopes)"

HERÓDOTO. História. São Paulo: ed. Ediouro, 1988, p. 95, 182.

Francis Arzalier - A África endividada

Segundo os "quadros da dívida" publicados pelo Banco Mundial, de 40 países fortemente endividados, 33 pertencem à África subsaariana (...)

São muitos os peritos do Banco Mundial e do FMI que se dão ao luxo de reconhecer que muitas dessas dívidas nunca poderão ser pagas: o continente africano e os seus povos devem continuar estrangulados pela dívida. Para as grandes potências financeiras e políticas esta é mais uma arma política do que uma fonte de lucros: o total das dívidas da África subsaariana (223 bilhões de dólares) mal ultrapassa 10% do total mundial. Mas permite impor aos governos africanos os "planos de ajuste estrutural", quer dizer, controlar suas decisões políticas, econômicas e sociais (austeridade para os serviços públicos e privatização das riquezas). Melhor ainda: esta dominação do capitalismo mundial é, na África de 1998, mais forte do que foi na era colonial. A maior parte das aldeias da África Ocidental Francesa vivia, em 1930, numa quase autarquia comunitária e só sentia o peso da autoridade colonial no trabalho forçado e nos impostos. No final do século XX, o aldeão da Costa do Marfim ou do Senegal sabe que o preço das suas colheitas de cacau ou de amendoim depende das Bolsas ocidentais!

ARZALIER, Francis. A África das Independências e o Comunismo (1960-1998). In: O Livro Negro do Capitalismo. ed. Record, p. 282.

* François ou Francis Arzalier é historiador francês, professor da IUFM Beauvais e diretor da revista "África Hoje".