"Fui, por muito tempo, entusiasta do Tiradentes. Os mártires atraem as simpatias como os algozes se tornam dignos das maldições populares. À medida, porém, que me instruía na História da malograda conjuração, senti modificar-se e arrefecer-se o meu entusiasmo e achei-me ante o homem, que, em 21 de abril de 1792, já não era o mesmo ardente apóstolo da emancipação política. Os anos, que passou na masmorra, segregado do mundo - o colóquio com os frades franciscanos que lhe transmudaram as ideias - os conselhos que lhe deram seus juízes com fementidas promessas - tudo isso transformou o conjurado em um homem eivado de misticismo. Prenderam um patriota; executaram um frade."
SILVA, Joaquim Norberto de Souza.
O Tiradentes perante os historiadores oculares do seu tempo. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, vols. 62-3, t.44, p. 131, 1881.