Segundo os "quadros da dívida" publicados pelo Banco Mundial, de 40 países fortemente endividados, 33 pertencem à África subsaariana (...)
São muitos os peritos do Banco Mundial e do FMI que se dão ao luxo de reconhecer que muitas dessas dívidas nunca poderão ser pagas: o continente africano e os seus povos devem continuar estrangulados pela dívida. Para as grandes potências financeiras e políticas esta é mais uma arma política do que uma fonte de lucros: o total das dívidas da África subsaariana (223 bilhões de dólares) mal ultrapassa 10% do total mundial. Mas permite impor aos governos africanos os "planos de ajuste estrutural", quer dizer, controlar suas decisões políticas, econômicas e sociais (austeridade para os serviços públicos e privatização das riquezas). Melhor ainda: esta dominação do capitalismo mundial é, na África de 1998, mais forte do que foi na era colonial. A maior parte das aldeias da África Ocidental Francesa vivia, em 1930, numa quase autarquia comunitária e só sentia o peso da autoridade colonial no trabalho forçado e nos impostos. No final do século XX, o aldeão da Costa do Marfim ou do Senegal sabe que o preço das suas colheitas de cacau ou de amendoim depende das Bolsas ocidentais!
ARZALIER, Francis. A África das Independências e o Comunismo (1960-1998). In: O Livro Negro do Capitalismo. ed. Record, p. 282.
* François ou Francis Arzalier é historiador francês, professor da IUFM Beauvais e diretor da revista "África Hoje".
* François ou Francis Arzalier é historiador francês, professor da IUFM Beauvais e diretor da revista "África Hoje".
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