terça-feira, 5 de julho de 2011

Ned Ludd e a Crítica do Ativismo

"O papel de ativista é um papel que adotamos como aquele do policial, pai ou padre - uma estranha forma psicológica que usamos para definir a nós mesmos em relação aos outros. O ativista é um especialista ou um expert em transformação social - apesar de sabermos que quanto mais forte nos apegamos e somos fiéis a este papel e à noção do que somos, mais estaremos impedindo a transformação que desejamos. Uma verdadeira revolução envolverá uma quebra de todos os papéis e funções preconcebidos e a destruição de todo especialismo - a recuperação de nossas vidas.
(...)
A atividade supostamente revolucionária do ativista é uma rotina cega e estéril - uma constante repetição de poucas ações sem potencial para a mudança. Ativistas provavelmente resistiriam à mudança caso ela viesse, uma vez que ela destruiria as fáceis certezas de seu papel e o agradável pequeno nicho que eles cavaram para si mesmos. Da mesma forma que chefes de sindicatos, ativistas são eternos representantes e mediadores. Da mesma forma que líderes sindicais seriam contra o sucesso de seus trabalhadores na sua luta, porque isto provavelmente acabaria com seu emprego, o papel do ativista também é ameaçado pela mudança.
(...)
A chave para entender o papel do militante e do ativista é o sacrifício próprio - o sacrifício de si mesmo para a causa, que é vista como algo separado de si próprio. Isto, é claro, não tem nada a ver com a verdadeira atividade revolucionária que é encontrar a si próprio. O martírio revolucionário caminha junto com a identificação de alguma causa separada de sua própria vida - uma ação contra o capitalismo que identifica o capitalismo como lá fora na City é fundamentalmente um engano. O poder real do capital está aqui mesmo na nossa vida cotidiana - nós recriamos o seu poder todos os dias, porque o capital não é uma coisa, mas uma relação social entre pessoas (e também entre classes) mediada por coisas."
LUDD, Ned. Baderna - Urgência das Ruas. ed. Conrad, pp. 34-37.

2 comentários:

  1. A marte mais difícil, mas não impossível é combater também os missionários que ainda saem em missão para perpetua a dominação de dirigentes e dirigidos, pastor e pastorados, padre e fiéis, que ensinam que devem obedecer-lhes e obedecer o Estado,ou o governos, porque assim ´´ deus`` quer! E mãos a luta, pois no porvir, teremos dias construídos pela autogestão social e pela emancipação humana!

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  2. Ned Ludd organiza o livro, esse texto é do Andrew X, do Reclaim the Streets e foi publicado antes no livro Reflections on J18 lançado pelo próprio Reclaim The Streets de Londres em 2000.

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